Capítulo 9

TPM (Tensão Pré-Menstrual) ou SPM (Síndrome Pré-Menstrual)

Tensão Pré-Menstrual x Síndrome Pré-Menstrual

Recentemente, a Organização Mundial da Saúde classificou como uma síndrome este problema que atinge milhões de mulheres, o que invalidou a tão conhecida TPM (Tensão Pré-Menstrual). A explicação é simples: tensão implicaria apenas mudanças nos aspectos nervosos e emocionais da mulher, porém sintomas orgânicos estão também presentes no período, causando dores e inchaços pelo corpo. Todos esses fatores se englobam numa síndrome, que inclui ainda as mudanças comportamentais.

Síndrome Pré-Menstrual (SPM)

Considerando-se que uma mulher menstrua meses, por mais de 30 anos, pode-se dizer que ela possivelmente sofrerá de Síndrome Pré-Menstrual por mais de 5 mil anos de sua vida. Mas, afinal, o que significa Síndrome Pré-Menstrual?

O que é Síndrome Pré-Menstrual (SPM)?

Dá-se o nome de Síndrome Pré-Menstrual ao conjunto de sintomas surgidos na fase que antecede a menstruação e que desaparecem com o seu início. Estima-se que 30% das mulheres em idade fértil apresentam alguns sintomas dessa síndrome. Pode parecer assustador, mas cerca de 5% dessas mulheres enfrentam quadros tão severos que são obrigadas a se afastarem do trabalho, do convívio social, e às vezes, do meio familiar. Nos casos mais graves, a doença pode levá-las até mesmo a cometer suicídio.

Quem pode sofrer de SPM?

Algumas mulheres estão mais sujeitas que outras a sofrer de síndrome pré-menstrual. Os sintomas ocorrem mais comumente entre as que se enquadram em pelo menos um dos seguintes critérios:

Quadro clínico

Mais de 150 sintomas já foram descritos, podendo variar em freqüência e gravidade em uma mesma pessoa, ou ainda em um mesmo ciclo menstrual. Neste caso, o diagnóstico deve levar em conta o tempo de ocorrência da síndrome e não suas características. Os sintomas devem desaparecer pelo menos uma vez por semana em cada ciclo.

Os aspectos da SPM podem surgir em qualquer época da vida reprodutiva da mulher, mas, na maioria dos casos, isso ocorre na faixa dos 30 ou 40 anos.

Fatores associados e influentes

Muitos autores acreditam que haja uma relação múltipla de causa e efeito na Síndrome Pré-Menstrual, que ocorreria em seqüência a uma desorganização hormonal ou a uma neurotransmissão (carência de serotonina, por exemplo), sob influências de fatores ambientais psicológicos e/ou nutricionais. A falta de alguns composto, como a vitamina B6, o cálcio e o zinco, também pode ser responsável pela síndrome.

Estudos mostram que fatores sociais e culturais, estresse, experiências vividas, além de doenças atuais e/ou antigas tenham influência na Síndrome Pré-Menstrual. As expectativas culturais e imagens estereotipadas sobre o ciclo menstrual contribuem para possíveis variações do humor e do comportamento. Nessa situação, o importante é o aspecto psicológico da mulher. Apesar de ocorrerem igualmente, sem distinção de cultura ou status socioeconômicos, alguns quadros clínicos específicos têm sido mais freqüentes em determinadas regiões.

Não há nada de comprovado sobre uma possível relação entre características de personalidade e sintomas da doença. Quanto à genética, poucos autores estudaram seu papel, identificando-se, porém, sua provável influência.

Sintomas Psíquicos

Estes são os sintomas que afetam o sistema nervoso e que respondem pelas mudanças de humor durante o período pré-menstrual. Em alguns casos, podem modificar a rotina das vítimas, causando-lhes grande sofrimento.

Os tormentos são caracterizados por irritabilidade, agressividade e insônia. Também estão presentes: um estado de depressão com ansiedade, letargia e melancolia. Este último, que costuma ser o mais freqüente, é também o mais estudado. Pacientes com doenças psiquiátricas comumente apresentam sintomas mentais mais graves na fase pré-menstrual.

Sintomas Orgânicos

Não só o sistema nervoso é atingido, mas também o corpo da mulher pode sofrer modificações durante este período. Dores são sintomas que aparecem com freqüência, e a cólica é um bom exemplo. A retenção de líquidos pode provocar dores de cabeça, aumento de volume dos seios, mastalgia (dor na mama), distensão abdominal e aumento de peso.

Além disso, a mulher pode apresentar fadiga com alteração de sono e de atividades; transtornos alimentares, com grande desejo por massas, batata, arroz (carboidratos); alteração da atividade sexual com diminuição da libido e alterações cognitivas com deficiência de concentração e coordenação motora.

Conseqüências Comportamentais

Dependendo da gravidade, a mulher sob os efeitos da Síndrome Pré-Menstrual é capaz de apresentar um comportamento muito diferente de seu estilo de vida normal. Não é difícil encontrar casos de práticas de crimes violentos, de suicídios e assaltos. Ademais, pode haver uma diminuição de produtividade, faltas ao trabalho e abusos de drogas como álcool, maconha e tabaco.

Um exemplo claro do distúrbio é o de uma mãe que tinha vontade de matar a filha durante esse período. Tais práticas são tão comuns que na Inglaterra existe uma lei que suaviza a pena de mulheres que cometem crimes ou atos agressivos no período pré-menstrual. Muitas vezes elas podem até ser absolvidas.

A SPM compreende segundo classificação da Organização Mundial da Saúde.

Critérios de Diagnóstico

É importante caracterizar a ausência dos sintomas na fase folicular ou, no mínimo, do 5º ao 10º dia do ciclo. Os referidos sintomas aparecem em qualquer época após a ovulação, e os mais graves geralmente nos seis dias que precedem a menstruação. Outro dado para elaboração do diagnóstico é a presença de pelo menos cinco sintomas em dois ciclos consecutivos, não havendo necessidade de que o mesmo sintoma se repita. Geralmente há interferências no trabalho, nas atividades sociais habituais ou no relacionamento interpessoal.

Medidas para Aliviar os Sintomas

Algumas mudanças na alimentação e no estilo de vida podem ajudar a reduzir os sintomas mais suaves, além de beneficiar a saúde de um modo geral:

Tratamento

O tratamento da síndrome dura cerca de dois anos e varia conforme a sintomatologia descrita pela mulher. Em alguns casos, apenas mudanças no estilo de vida (redução do estresse e prática de exercícios) e na dieta (ingestão de vitaminas e sais minerais) podem fazer efeito. Outras alternativas são a reposição de substâncias de que o organismo esteja desfalcado, e psicoterapia ou técnicas holísticas de tratamento, como acupuntura, homeopatia e antroposofia.

Quanto ao uso de medicamentos, aconselha-se os que provocam poucos efeitos colaterais, mais eficazes, com menor dosagem e menor freqüência de administração. Só se pode considerar uma não-resposta quando se usa o medicamento por três ciclos consecutivos, na dose adequada e sob supervisão médica.

Cinqüenta por cento das mulheres melhoram com placebo (medicamentos sem nenhum princípio ativo, ministrados com fins sugestivos e de uso comum em pesquisas).

Na maioria das vezes, o tratamento é baseado em três elementos: alteração dos neurotransmissores no sistema nervoso central, ovulação e análise sociopessoal. Além disso, a terapia é voltada para a correção da possível causa do transtorno e dos sintomas predominantes. Outra saída é tornar o ciclo anovulatório, ou seja, com níveis hormonais diariamente iguais, já que as flutuações hormonais que ocorrem no ciclo ovulatório estão associadas à síndrome. Esta mudança é feita geralmente através de anticoncepcional oral.

Afora as medidas terapêuticas gerais, medicamentos direcionados para sintomas orgânicos podem ser utilizados em certos casos. As recentes descobertas sobre o papel dos neurotransmissores e sua relação com os hormônios sexuais (estrogênio e progesterona) afirmam a eficácia de certos medicamentos, como calmantes e antidepressivos.

As manifestações da SPM são resultados de uma interação de fatores ambientais e orgânicos.

As intervenções médicas até agora eram basicamente medicamentosas ou cirúrgicas, levando em consideração o potencial curativo das mudanças de atitude.

A SPM não é associada a parte nenhuma do corpo sob o aspecto de biologia mecânica.

Nem sempre a atitude médica deve restringir-se ao alívio do sofrimento.

Transcender o modelo biomédico é intervir em atitudes, tornando o modo de viver uma atividade mais saudável.

Dicas do autor do livro para aqueles que convivem com mulheres que apresentam SPM1) No trabalho (gestores):

2) Filhos:

3) Relacionamentos afetivos:

3) Convívio social:

4) Enfim:

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